quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Clubes: HUDDERSFIELD


Huddersfield
Cidade: Huddersfield

Estádio: The John Smith’s Stadium (24.426 pessoas)

Técnico: David Wagner

Posição em 2017/18: 16º

Projeção: Brigar contra o rebaixamento

Principais contratações: Terence Kongolo (Monaco), Adama Diakhaby (Monaco), Radaman Sobhi (Stoke City), Florent Hadergjonaj (Ingolstadt), Juninho Bacuna (Groningen), Jonas Lössl (Mainz), Erik Durm (Borussia Dortmund), Ben Hamer (Leicester), Isaac Mbenza (Toulouse)

Principais saídas: Tom Ince (Stoke City), Robert Green (Chelsea), Michael Hefele (Nottingham Forest)

David Wagner tinha a possibilidade de ganhar uma promoção dentro da Premier League, em clubes mais ricos, como o Leicester, mas preferiu dar uma amostra de fidelidade ao Huddersfield com um novo contrato de três anos, assinado em maio. Não poderia haver notícia melhor para o clube que pretende emplacar a terceira temporada na elite seguida, o que não acontece desde a década de cinquenta. Wagner é o coração e a alma do projeto, e sem ele, os Terriers ficariam perdidos na missão de mais uma vez evitar o rebaixamento.
Porque, com ele, já foi muito difícil. Wagner precisou ajustar o estilo de pressão no campo ofensivo que deu certo na campanha do acesso para não ser um saco de pancadas da Premier League. Com baixo orçamento, entre os menores da liga, sabiamente preferiu defender mais recuado e apostar em marcação dura e espírito de equipe. Foi suficiente para ficar quatro pontos acima da zona do rebaixamento, com empates na sequência contra Manchester City e Chelsea.

A principal missão é repetir o feito com um pouco mais de folga e um pouco mais de classe. Porque ao mesmo tempo em que conseguiu ficar dez partidas sem ser vazado (oitava marca da liga ao lado de outros quatro clubes) também terminou 21 das 38 rodadas sem colocar uma bola dentro das redes do adversário. A dificuldade de criação do Huddersfield foi tocante durante a temporada e se refletiu no pior ataque da liga (28 gols junto com o Stoke City) e na terceira menor média de chutes a gol (9,5 por partida).

Conseguindo manter seus principais jogadores, a tendência é que o Huddersfield, se mantiver a mentalidade certa, consiga dar um passo à frente, pelo menos em termos de desempenho. A janela serviu para manter alguns atletas importantes que passaram a última temporada emprestados ao clube: o goleiro Jonas Lössl, o lateral direito Florent Hadergjonaj e o defensor Terence Kongolo foram contratados em definitivo. A defesa ganhou ainda os reforços de Erik Durm, ex-Borussia Dortmund, e Juninho Bacuna, ex-Groningen. São muitos jogadores que atuam em mais de uma posição na linha defensiva, e se Wagner encontrar a formação ideal, pode se sentir confortável para soltar o seu time no ataque um pouco mais.

O principal gargalo foi o ataque. Os centroavantes Steve Mounié e Laurente Depoitre não são craques e ainda receberam poucas bolas em boas condições de finalização. Marcaram apenas sete e seis gols, respectivamente. O Huddersfield tentou reforçar o fornecimento, com as chegadas de Adam Diakhaby, do Monaco, Radaman Sobhi, do Stoke City, e Isaac Mbenza, do Toulouse. Bons nomes, mas que talvez não sejam suficientes para a revolução que o setor ofensivo dos Terriers precisa.

Clubes: FULHAM


Fulham
Cidade: Londres

Estádio: Craven Cottage (25.700 pessoas)

Técnico: Slavisa Jokanovic

Posição em 2017/18: 3º na Championship

Projeção: Meio de tabela

Principais contratações: Jean Michaël Seri (Nice), Aleksandar Mitrovic (Newcastle), Alfie Mawson (Swansea), Fabri (Besiktas), André Schürrle (Borussia Dortmund), Calum Chambers (Arsenal), André Zambo Anguissa (Olympique Marseille), Sergio Rico (Sevilla), Luciano Vietto (Atlético de Madrid), Timothy Fosu-Mensah (Manchester United), Joe Bryan (Bristol City)

Principais saídas: David Button (Brighton), George Williams (Forest Green), Ryan Fredericks (West Ham), Tayo Edun (Ipswich)

A maneira como o Fulham conseguiu o acesso pode esconder o que este time pode fazer no seu retorno à Premier League. Tradicionalmente, o clube que chega à elite por meio dos playoffs é o principal favorito para ser rebaixado, mas seria um erro aplicar esta análise aos londrinos. O terceiro lugar na Championship foi um pouco circunstancial, fruto de um começo ruim de temporada. No entanto, entre a época do Natal e a penúltima rodada, foram 23 partidas de invencibilidade na segunda divisão, com um futebol de troca de passes, posse de bola e vitórias amplas. No último desafio, a equipe foi batida pelo Birmingham e acabou ficando a dois pontos do segundo lugar, ocupado pelo Cardiff City. Mas derrotou o Aston Villa, em Wembley, para encerrar o calvário de quatro anos brigando para subir.

Alguns números são interessantes. O Fulham foi o que mais trocou passes curtos na segunda divisão e o que mais marcou com bola rolando. Apenas 13 dos seus 79 gols saíram em cobranças de falta ou de pênalti. É um time que tenta jogar porque é assim que o seu treinador, o sérvio Slavisa Jokanovic, pensa futebol. É o segundo acesso à Premier League que ele consegue. Bicampeão nacional pelo Partizan, assumiu um Watford em crise – foi o quarto treinador em 37 dias – no começo da temporada 2014/15 e conseguiu alcançar o objetivo. Mas foi substituído por Quique Sánchez Flores antes de ter a oportunidade de se testar contra os melhores times da Inglaterra.

Desta vez, ninguém tira Jokanovic do banco de reservas do Fulham. Seu trabalho fez com que alguns jogadores crescessem. Aleksandar Mitrovic, por exemplo, sofria para desenvolver o seu potencial no Newcastle. Em seis meses emprestado aos londrinos, marcou 12 gols em 17 rodadas da Championship e foi contratado em definitivo. Tom Cairney nunca havia conseguido brilhar no Hull City e no Blackburn quando chegou a Craven Cottage, em 2015. Atualmente, é o capitão e o epicentro da troca de passes do Fulham. Ele próprio se descreve como o “David Silva dos pobres”.

Ninguém brilhou mais do que Ryan Sessegnon. Agora ele já tem 18 anos, mas, durante a temporada passada, ainda adolescente, foi uma ameaça constante em nova posição. O lateral esquerdo de origem foi adiantado para o lado esquerdo do meio-campo criativo e marcou 15 vezes em 46 partidas. Foi eleito o melhor jogador da Championship e tem tanta moral que provavelmente Andre Schürrle, campeão do mundo e uma das boas contratações desta janela, deve ter que atuar pelo lado direito do ataque para não incomodar o moleque.

Este é o pulo do gato. O Fulham já subiu com uma equipe arrumadinha. Mas ainda se reforçou bem no mercado de transferências, sem poupar gastos. Além de trazer Schürrle, por empréstimo de dois anos do Borussia Dortmund, e confirmar Mitrovic, ainda contratou o meia Jean Michaël Seri, do Nice. O francês de 26 anos, especulado em clubes como Barcelona e Chelsea, tem potência física e combina com o estilo de jogo de Jovanovic. Os defensores Alfie Mawson, ex-Swansea, e Calum Chambers, ex-Arsenal, reforçam a defesa, com experiência conjunta de 159 partidas de Premier League.

Não satisfeito, o clube londrino fez mais cinco negócios no fechamento da janela: o bom goleiro Sergio Rico, que se junta a Fabri na briga pela titularidade e deve vencê-la; o volante André Zambo Anguissa, do Olympique Marseille, que acabou sendo o jogador mais caro do mercado do Fulham, a € 33 milhões; Joe Bryan, lateral esquerdo ofensivo do Bristol City; Timothy Fosu-Mensah, emprestado pelo Manchester United para ser mais uma opção para a zaga; e Luciano Vietto, do Atlético de Madrid, como alternativa a Mitrovic.

Pode dar tudo errado, já vimos isso acontecer. Principalmente porque o Fulham contratou um time inteiro – dez novos jogadores, considerando que Mitrovic já fazia parte do elenco – e sempre é necessário um tempo para adaptá-los e afinar o entrosamento. Mas os londrinos parecem ter ambições além de apenas se manter na elite.

Clubes: EVERTON


Everton
Cidade: Liverpool

Estádio: Goodison Park (39.595 pessoas)

Técnico: Marco Silva

Posição em 2017/18: 

Projeção: Briga por Liga Europa

Principais contratações: Richarlison (Watford), Yerri Mina (Barcelona), Lucas Digne (Barcelona), André Gomes (Barcelona), Bernard (Shakhtar Donetsk)

Principais saídas: Davy Klaassen (Werder Bremen), Ramiro Funes Mori (Villarreal) Kevin Mirallas (Fiorentina), Henry Onyekuru (Galatasaray), Wayne Rooney (DC United), Ashley Williams (Stoke City)

Os dias de pindaíba terminaram. A situação atual é muito diferente da época em que David Moyes só podia gastar o que arrecadasse com a venda de jogadores. A chegada do dono Farhad Moshiri fez com que o Everton sonhasse com o passo à frente, depois de muitos anos de estabilidade na parte de cima da tabela, mas olhando a festa dos maiores clubes do país do lado de fora. O dinheiro, no entanto, ainda não se transformou em um time forte, o que os Toffees esperam finalmente alcançar com duas contratações: o treinador Marco Silva e o diretor de futebol Marcel Brands.

Para um clube que historicamente troca muito pouco de técnico, o fato de Silva ser o terceiro em dois anos indica que algo está errado. A escolha de Sam Allardyce para ser o intermediário entre Ronald Koeman e o português também: seu estilo mais rústico e antiquado nada tem a ver com o de seus colegas. É impossível que um mesmo elenco tenha características compatíveis com duas filosofias tão distintas. O Everton tentou contratar Silva na temporada passada, mas o Watford foi irredutível. Voltou-se para a experiência de Big Sam, que conseguiu erguer o time na tabela. No entanto, o estilo de jogo modorrento que implantou gerou diversas críticas da torcida e valeu sua demissão.

Quando teve, enfim, a oportunidade de contratar o homem que queria, não a desperdiçou. A questão é se ele é o nome correto. Embora tenha demonstrado qualidade em vários momentos da carreira, Silva também tem um histórico de problemas e de trabalhos curtos. Estabilidade seria novidade na carreira de um treinador que não ficou mais de um em nenhum dos seus últimos quatro clubes. De qualquer maneira, tem um perfil mais parecido com o de Koeman e potencial para se tornar um grande treinador da Premier League.

Para auxiliá-lo, a diretoria trouxe o diretor de futebol Marcel Brands, do PSV, pelo qual supervisionou a conquista de três títulos holandeses nas últimas quatro temporadas. Ele também trabalhou na conquista de Louis van Gaal com o AZ Alkmaar. Em Eindhoven, descobriu jogadores como Kevin Strootman, Wijnaldum, Dries Mertens e Hirving Lozano. A sua principal missão é injetar um pouco de coerência na política de mercado do Everton. A janela anterior foi desconexa, com muitos jogadores para a mesma posição (Sigurdsson, Klaassen, Rooney) e nenhum substituto para Romelu Lukaku.

A primeira ação de Brands foi aliviar a folha de pagamento. Apesar de ter sido o artilheiro do Everton na Premier League, Wayne Rooney foi dispensado. Klaassen saiu para o Werder Bremen, por metade do preço que havia sido contratado. Ashley Williams foi emprestado ao Stoke City. Com mais espaço no elenco, o clube recorreu a apostas e jogadores mais jovens do que consolidados. O principal foi Richarlison, que brilhou com Marco Silva no Watford. Outro brasileiro que chegou foi Bernard, ao fim do seu contrato com o Shakhtar Donetsk. Os Toffees também acreditam que podem revitalizar a carreira de André Gomes, que não foi bem no Barcelona.

A defesa acabou sendo a principal preocupação. Com Williams e Ramiro Funes Mori negociados, Silva não quer se ver obrigado a utilizar o veterano Phil Jagielka vezes demais. Para acompanhar Michael Keane, trouxe Yerri Mina, um dos destaques da Copa do Mundo, e acertou o empréstimo de Kurt Zouma. Lucas Digne foi outro jogador contratado pelo Barcelona, para preparar a sucessão do ídolo Leighton Baines na lateral esquerda. O ataque, porém, segue sendo um gargalo. Tirando Rooney, os três atacantes mais goleadores do time no último Campeonato Inglês foram Oumar Niasse, Cenk Tosun e Dominic Calvert-Lewin. Juntos, fizeram apenas 17 gols.

Clubes: CRYSTAL PALACE


Crystal Palace
Cidade: Londres

Estádio: Selhurst Park (25.456 pessoas)

Técnico: Roy Hodgson

Posição em 2017/18: 11º

Projeção: Brigar contra o rebaixamento

Principais contratações: Cheikhou Kouyaté (West Ham), Vicente Guaita (Getafe), Max Meyer (Schalke 04)

Principais saídas: Damien Delaney (Cork City), Yohan Cabaye (Al Nasr), Jaroslaw Jach (Rizespor), Cheong-yong Lee (sem clube), Diego Cavalieri (sem clube), Bakary Sako (sem clube), Ruben Loftus-Cheek (fim de empréstimo), Timothy Fosu-Mensah (fim de empréstimo)

O Guardian faz uma análise detalhada das finanças dos clubes da Premier League. Pelos papéis entregues pelo Crystal Palace referentes à temporada 2016/17, o gasto com salários representa 78% do seu faturamento. O ideal é que esse número seja mais próximo de 30%, embora poucos times ingleses sejam idealistas. Essa porcentagem pode estar maior no momento porque foi calculada antes da chegada definitiva de Mamadou Sakho, da última renovação de contrato da estrela da companhia, Wilfried Zaha, e da contratação do alemão Max Meyer, com vencimentos exorbitantes. Paralelamente à renovação do Selhurst Park, a mensagem para o técnico Roy Hodgson foi clara: não há dinheiro.

Além da chegada de Meyer, sem taxa de transferência, mas com alto fardo salarial, o Crystal Palace contratou apenas Cheikhou Kouyaté, do West Ham, por € 11 milhões, o goleiro Vicente Guaita, do Getafe, e Jordan Ayew, emprestado pelo Swansea. São bons nomes: Kouyaté repõe a saída de Yohan Cabaye, que saiu para o Al Nasr, dos Emirados Árabes; Meyer reforça o setor de criatividade, já bem abastecido por Zaha e Andros Townsend; Ayew vira uma opção para o ataque, junto ou no lugar de Christian Benteke; e Guaita briga com Wayne Hennessey pela primeira camisa. Contudo, servem mais para estancar a sangria do que para reforçar o time porque, além da saída de Cabaye, que jogou 31 vezes na última Premier Legue, ainda foram embora Ruben Loftus-Cheek (24 jogos) e Timothy Fosu-Mensah (21). Estavam emprestados e retornaram para seus respectivos clubes, Chelsea e Manchester United.

O principal reforço foi conseguir mais uma vez manter o seu principal jogador. Zaha voltou a ser assediado por clubes do patamar de cima da tabela, como Everton, Tottenham e Chelsea, mas acabou ficando. Ele é essencial para as pretensões dos londrinos. Na última temporada, o Palace somou zero (isso mesmo: nenhum) pontos nas nove partidas em que ele não esteve em campo. Ciente da situação, Hodgson sabe que, apesar de o seu clube se preparar para a sexta temporada seguida na elite, a missão continua sendo apenas a sobrevivência.

Principalmente porque, na última vez em que o Palace tentou dar um passo maior do que as pernas, os resultados foram catastróficos. Frank de Boer foi a busca por um futebol mais vistoso, aproveitando que o elenco tem qualidade em comparação com os colegas de meio da tabela. O holandês foi demitido após quatro rodadas sem vitória e sem marcar gol. Essa sequência horrível seria estendida para sete jogos, antes de Hodgson colocar a casa em ordem e comandar uma boa recuperação que fez o time terminar em 11º lugar. O ideal seria, na Premier League que começa na sexta-feira, não passar tantos sustos.

Clubes: CHELSEA


Chelsea
Cidade: Londres

Estádio: Stamford Bridge (41.631 pessoas)

Técnico: Maurizio Sarri

Posição em 2017/18: 

Projeção: Brigar por Champions League

Principais contratações: Jorginho (Napoli), Kepa Arrizabalaga (Athletic Bilbao), Mateo Kovacic (Real Madrid)

Principais saídas: Thibaut Courtois (Real Madrid), Mario Pasalic (Atalanta), Eduardo (Vitesse), Kennedy (Newcastle)
Maurizio Sarri precisa de tempo. A missão que já seria difícil o bastante de modificar drasticamente o estilo de jogo do Chelsea ficou um pouco mais complicada pela pré-temporada conturbada pela qual o clube passou. Todos sabiam que Antonio Conte seria demitido desde o fim da última Premier League, mas o italiano chegou a se reapresentar e comandar alguns treinos antes de receber a notificação oficial. Durante uma boa parte dos últimos meses, Sarri se viu na delicada posição de ainda ter contrato para treinar o Napoli, embora o treinador de fato fosse Carlo Ancelotti. O dono Roman Abramovich teve problemas com seu visto e se refugiou em Israel. Caso você ainda não esteja convencido, Thibaut Courtois foi embora, e o Real Madrid projetará uma sombra sobre Stamford Bridge até o último dia de agosto, decidindo se vale a pena ou não contratar Eden Hazard.

Logo, Sarri precisa de paciência, mas a última vez que Abramovich teve paciência deve ter sido quando fez sua fortuna com empresas de petróleo e gás durante o governo de Boris Yeltsin no seu país natal. A sua fama no futebol é de demitir treinadores por prazer. Mas seria uma contradição contratar o treinador italiano, que construiu sua reputação com um Napoli que jogava bem o futebol e brigou ponto a ponto com a Juventus pelo título italiano, e não conceder pelo menos alguns meses de carta branca para que ele implemente a sua visão.

O que Sarri fará demanda algum tempo e terá percalços no meio do caminho. O estilo dos dois treinadores que o antecederam, os pragmatismos de José Mourinho e Antonio Conte, são diametralmente opostos à vontade do italiano de ganhar entretendo. Basta pegar como exemplo a primeira temporada de Guardiola na Inglaterra. O espanhol tentou introduzir um estilo semelhante, também muito particular, e teve problemas. Na segunda campanha, conquistou a Premier League com 100 pontos. Não quer dizer que acontecerá o mesmo com o Chelsea, mas precisamos esperar um pouco para ver o que Sarri pode fazer.

A chegada de Jorginho adianta o processo. O meia brasileiro tem o DNA do jogo de Sarri completamente absorvido e será responsável por traduzi-lo para os seus companheiros dentro de campo. Orientar o que deve ser feito, do toque de bola no campo de defesa para atrair a pressão à troca de passes rápida para pegar o adversário desprevenido. Será titular absoluto do meio-campo, acompanhado de N’Golo Kanté, que embora não tenha as características preferidas do treinador, é bom demais para ser preterido. E provavelmente Kovacic, contratado do Real Madrid no negócio de Courtois.

O goleiro do Athletic Bilbao, Kepa Arrrizabalaga, assume as metas dos Blues. A grande incógnita do time está no ataque. Álvaro Morata passa por uma fase pavorosa, e Olivier Giroud não se encaixa necessariamente nesta nova maneira de jogar, nem é tão bom quanto Kanté para isso ser ignorado. Hazard, pela esquerda, e Willian, pela direita, serão jogadores importantes. Com um mercado discreto, a grande cartada de Abramovich para voltar à Champions League são as ideias de Sarri e o quão rápido elas serão desenvolvidas para colocar o Chelsea entre os quatro primeiros.

Clubes: WOLVERHAMPTON


Wolverhampton 
Cidade: Wolverhampton

Estádio: Molineux Stadium (31.700 pessoas)

Técnico: Nuno Espírito Santo

Posição em 2017/18: Campeão da Championship

Projeção: Meio da tabela

Principais contratações: Adama Traoré (Middlesbrough), João Moutinho (Mónaco), Raúl Jiménez (SL Benfica), Rui Patrício (Sporting CP), Jonny Castro (Atlético de Madrid), Leander Dendoncker (Anderlecht)

Principais saídas: Benik Afobe (Stoke City), Barry Douglas (Leeds), Ben Marshall (Norwich), Roderick Miranda (Olympiacos)

Nos anos cinquenta, quando conquistou três vezes o título inglês, o Wolverhampton derrotou o Honvéd, considerado quase por unanimidade o melhor esquadrão daquela época. Por uma conta simples, os jornais proclamaram-no campeão do mundo. Foi a semente da criação da Champions League porque o futebol achou que seria mais sábio deixar esse tipo de decisão para os campos do que para as redacções. Essa tradição, porém, ficou no passado. Os Lobos participaram de apenas quatro temporadas de Premier League, com dois rebaixamentos e dois quase rebaixamentos. Mas ambicionam mudar essa história nesta temporada.

O Wolverhampton teve uma das campanhas mais dominantes que a Championship já viu, campeão com 99 pontos impressos na tabela. Resultado do dinheiro injectado pelo conglomerado chinês Fosun e dos laços estreitos que nutre com o super-empresário Jorge Mendes. O Molineux Stadium tornou-se um dos grandes focos de imigração portuguesa nos últimos dois anos, com destaque para o atacante Diogo Jota, 17 golos na segunda divisão, e Rúben Neves, ex-capitão do FC Porto, um garoto prodígio de apenas 21 anos.

A colónia lusa apenas aumentou com a lista de compras para a temporada de retorno à elite. E com nomes maiores. O técnico Nuno Espírito Santo, obviamente português, recebeu os reforços do goleiro Rui Patrício, que saiu em litígio do Sporting CP, e do meia João Moutinho, dois campeões europeus. O poder de fogo ampliou-se com a chegada do mexicano Raul Jiménez, ex-SL Benfica, e a capacidade defensiva, com Leander Dendoncker, que pode actuar tanto no meio-campo quanto na retaguarda. Outro grande negócio dos Lobos foi Adama Traoré, que comeu a bola na metade final da segunda divisão com a camisa do Middlesbrough.

Esses nomes se juntam ao que já era um time bem montado e que deu sinais na Championship de que pertencia muito mais à primeira divisão do que à segunda. Com mais qualidade e experiência, o Wolverhampton chega à Premier League fazendo barulho e planeia ir além de apenas sobreviver. Talvez terminar na parte de cima da tabela pela primeira vez desde 1980.

Clubes: WEST HAM UNITED


West Ham
Cidade: Londres

Estádio: Estádio Olímpico de Londres (60.000 pessoas)

Técnico: Manuel Pellegrini

Posição em 2017/18: 13º

Projeção: Brigar por Liga Europa

Principais contratações: Jack Wilshere (Arsenal), Felipe Anderson (Lazio), Issa Diop (Toulouse), Andriy Yarmolenko (Borussia Dortmund), Lukasz Fabianski (Swansea), Fabián Balbuena (Corinthians), Ryan Fredericks (Fulham), Carlos Sánchez (Fiorentina), Lucas Pérez (Arsenal)

Principais saídas: Cheikhou Kouyaté (Crystal Palace), Reece Burke (Hull City), Patrice Evra (sem clube), João Mário (fim de empréstimo), Domingos Quina (Watford), Sead Haksabanovic (Málaga)

O West Ham é um time consolidado na Premier League. Nas últimas 13 temporadas, teve apenas um escorregão, rebaixado em 2010/11, mas voltou imediatamente. No entanto, apenas cinco campanhas terminaram na parte de cima da tabela. A melhor delas foi dois anos atrás, quando, comandados por Dimitri Payet, os Hammers ficaram em sétimo lugar. Desde então, espera-se que deem um passo à frente e se aproximem dos seis clubes de elite do país. Isso ainda não aconteceu.

Você pode escolher qual o principal motivo. Vou me limitar a oferecer um cardápio. A ida para o Estádio Olímpico de Londres foi um desastre. Sem a atmosfera do Upton Park, o West Ham virou presa fácil como mandante e a mudança irritou seus torcedores; a saída conturbada de Payet, um ano e meio atrás, interrompeu o time que se formava em torno dele; alguém achou que David Moyes seria um bom substituto para Slaven Bilic e, surpreendentemente, estava errado; as contratações, recebidas com bons olhos, não deram certo. Resultado: depois de sétimo lugar, o clube foi 11º e 13º, levando algumas goleadas no meio do caminho.

A sensação para a próxima temporada, no entanto, é um pouco diferente. Principalmente por causa do nome, sobrenome e currículo do homem que está no comando. Faz tempo que o clube não tem um treinador do tamanho de Manuel Pellegrini, campeão inglês pelo Manchester City e ex-técnico do Real Madrid. Mais importante do que esses dados é o que conseguiu fazer com equipes menores, como Villarreal (semifinalista de Champions) e Málaga (quartas de final de Champions). Levar um time além das suas possibilidades é exatamente o tipo de trabalho que o West Ham precisa.

Os reforços também animam um pouco mais. São jogadores mais estabelecidos, como Felipe Anderson, cuja última temporada na Lazio foi ruim, mas já mostrou o que pode fazer, Andriy Yarmolenko, e Lukasz Fabianski, uma melhora considerável em relação a Joe Hart. Carlos Sánchez chegou da Fiorentina, depois de uma Copa do Mundo em que, em três jogos, cometeu dois pênaltis e levou um cartão vermelho. Fabián Balbuena foi contratado por um valor baixo para reforçar a defesa, para a qual a maior chegada foi a de Issa Diop, ex-Toulouse. Os Hammers ainda fizeram apostas com jogadores sem contrato: o lateral direito Ryan Fredericks, do Fulham, e Jack Wilshere, que decidiu respirar novos ares longe do Arsenal.

Depois de tentar e testar diversos centroavantes, o West Ham simplesmente desistiu e decidiu testar Marko Arnautovic na posição, um dos achados de Moyes na sua passagem pelo leste de Londres. O austríaco foi bem na nova função, com 11 gols em 31 partidas da Premier League. Por via das dúvidas, trouxe também Lucas Pérez, que estava emprestado pelo Arsenal ao Deportivo La Coruña. Marcou apenas nove vezes na última La Liga e não conseguiu impedir o rebaixamento do seu clube.

Clubes: WATFORD


Watford
Cidade: Watford

Estádio: Vicarage Road (21.000 pessoas)

Técnico: Javi Gracia

Posição em 2017/18: 14º

Projeção: Briga contra o rebaixamento

Principais contratações: Gerard Deulofeu (Barcelona), Adam Masina (Bologna), Ken Sema (Östersund), Marc Navarro (Espanyol), Ben Wilmot (Stevenage), Ben Foster (West Brom), Domingos Quina (West Ham)

Principais saídas: Richarlison (Everton), Nordin Amrabat (Al-Nassr), Mauro Zárate (Boca Juniors), Costel Pantilimon (Nottingham Forest)

A família Pozzo, dona também da Udinese e do Granada, é italiana, mas, observando sua abordagem com treinadores de futebol, poderia muito bem ser brasileira. Desde que comprou o Watford, em 2012, dez homens já se sentaram no banco de reservas do Vicarage Road para comandar o time da casa. O último deles, Javi Gracia, sabe que precisa de resultados rápidos para evitar a demissão. Até porque esse tem sido mesmo o modus operandi do Watford nas suas três temporadas de Premier League desde o acesso: começar bem e terminar mal.

Em 14 de outubro do ano passado, o Watford venceu o Arsenal e chegou ao fim da oitava rodada com 16 pontos, seu melhor começou de Campeonato Inglês em 35 anos. Todos adoravam o trabalho de Marco Silva. Uma semana depois, o Everton demitiu Ronald Koeman e o caldo entornou. O clube de Liverpool tentou com muita determinação contratar o português, que gostou das perspectiva de mudar de cidade, mas a diretoria do Watford cortou a história imediatamente. Em seguida, vieram apenas três vitórias em 15 rodadas, e Silva foi demitido, em janeiro, com a diretoria citando a “distração” da proposta evertoniana como um dos motivos.

Gracia foi contratado, somou os pontos que eram necessários para evitar o rebaixamento, e ficou para a temporada seguinte. O profissional de 48 anos teve relativo sucesso com campanhas de acesso na Espanha e deixando o Málaga no meio da tabela. Obteve resultado parecido com o Rubin Kazan, da Rússia, antes de se transferir para a Inglaterra. Ainda não provou que tem algo especial como Marco Silva. Com a saída de Richarlison e sem grandes contratações, o cenário não é o ideal para o Watford.

O investimento de apenas € 24 milhões em reforços é de longe o menor desde que o clube chegou à Premier League, e isso porque os cofres foram abastecidos com a boa venda do brasileiro para o Everton. O maior gasto foi para contratar Deulofeu em definitivo. Ben Foster chegou do West Brom para talvez ser titular debaixo das metas, embora tenha apenas um ano a menos que o brasileiro Gomes. O resto é um monte de apostas, que podem ou não dar certo, por preços módicos: o lateral esquerdo Adam Masina, do Bologna, o meia Ken Sema, do Östersund e o lateral direito Marc Navarro, do Espanyol.

O Watford tem problema nas duas áreas: levou 64 gols, terceira pior defesa, e marcou apenas 44, poder de fogo mediano para a Premier League. Os principais zagueiros estão na casa dos 30 anos e o ataque não foi reforçado. Juntos, os centroavantes Andre Gray, Troy Deeney e Stefano Okaka fizeram 11 gols na liga nacional. O artilheiro foi o meia Abdoulaye Doucouré, com sete, um dos destaques da campanha. A força do time é justamente o meio-campo, onde ele atua com Nathaniel Chablobah, pelo centro, e Deulofeu e Roberto Pereyra mais abertos.

Clubes: TOTTENHAM HOTSPUR


Tottenham
Cidade: Londres

Estádio: Vicarage Road (62.000 pessoas)

Técnico: Mauricio Pochettino

Posição em 2017/18: 

Projeção: Briga pelo título

Principais contratações: ninguém

Principais saídas: ninguém

“Claro que é um grande sucesso para o clube estar na Champions League pelo terceiro ano seguido. Mas talvez isso não seja o bastante. Talvez precisemos mudar algumas coisas. Para mim, não é o bastante”, disse Mauricio Pochettino, um dia antes do fechamento da janela. No entanto, nada mudou no Tottenham, e estamos falando em termos literais. Ninguém saiu, ninguém entrou. Pela primeira vez desde a introdução da janela de transferências na Inglaterra, em 2003, um clube da Premier League percorreu o mercado de verão inteiro sem uma contratação.

O fato de ninguém ter sido vendido não é desprezível, especialmente considerando que o Real Madrid abriu os olhos tanto para Harry Kane, o principal jogador do time, quanto para Pochettino. As notícias de que ambos renovaram seus contratos foram os momentos de maior alegria dos torcedores dos Spurs durante a pré-temporada. No entanto, para dar o salto que o treinador argentino ambiciona e conquistar títulos, o questionamento é de onde o Tottenham tirará as forças necessárias.

O terceiro lugar da última Premier League foi uma grande campanha. A anterior, melhor ainda, vice-campeão do Chelsea. No entanto, em nenhuma delas o Tottenham chegou a de fato brigar pelo título inglês e os adversários não foram assolados pela mesma inércia comercial. O Liverpool está mais forte. O Manchester City contratou pouco, mas tem mais opções com Riyad Mahrez. Os problemas do Manchester United e as mudanças pelas quais passam Chelsea e Arsenal sugerem que o Tottenham não terá problemas para mais uma vez terminar entre os quatro primeiros.

Mas como melhorar a ponto de ser campeão, sem nenhum novo jogador? Coletivamente, todas as peças já funcionam em harmonia. Pochettino é um talentoso desenvolvedor de promessas, mas há potencial suficiente na equipe para mudá-la de patamar? Desempenhos individuais são os que mais podem fazer a diferença, principalmente se Dele Alli recuperar sua melhor forma, ou Erik Lamela e Lucas Moura firmarem-se como opções de alto nível para que o treinador possa rodar o seu elenco.

O impulso para o Tottenham pode vir do seu estádio. O novo White Hart Lane será inaugurado na metade de setembro, no segundo jogo em casa do clube. Na última temporada, alugando Wembley, foram apenas duas derrotas como mandante e quatro empates, a quinta melhor campanha em seus domínios. Há algum espaço para melhora, mas não muito. Na era da inflação e das transferências tresloucadas, é louvável que um clube com as ambições do Tottenham, se não encontrou os reforços que queria, evite gastar dinheiro apenas por gastar. Mas, por outro lado, talvez tenha que se contentar com um título de Copa ou uma campanha melhor na Champions League para satisfazer Pochettino – e seus torcedores.

Clubes: SOUTHAMPTON


Southampton
Cidade: Southampton

Estádio: St. Mary’s Stadium (32.384 pessoas)

Técnico: Mark Hughes

Posição em 2017/18: 17º

Projeção: Briga contra o rebaixamento

Principais contratações: Jannik Vestergaard (Borussia Monchengladbach), Mohamed Elyounoussi (Basel), Angus Gunn (Manchester City), Stuart Armstrong (Celtic), Danny Ings (Liverpool)

Principais saídas: Dusan Tadic (Ajax), Florin Gardos (Craiova), Jordy Clasie (Feyenoord), Sofiane Boufal (Celta de Vigo), Guido Carrillo (Leganés)

Visitar o St. Mary’s Stadium já foi um dos desafios mais difíceis da Premier League, mas, se você disser isso para um torcedor do Southampton hoje em dia, são grandes as chances de ele rir da sua cara. Os Saints ganharam quatro jogos em casa na última temporada da liga inglesa. E seis na anterior. A gradativa evolução do clube desde que subiu da segunda divisão, seis anos atrás, encontrou um teto em 2015/16, com o sexto lugar sob o comando de Ronald Koeman. Seria difícil ir além, mas a queda foi meio brusca: oitavo, com um time enfadonho comandado por Claude Puel, e 17º, a três pontos da zona de rebaixamento, com Mauricio Pellegrino e Mark Hughes.
A diretoria até que teve bastante paciência com Pellegrino. Demitiu-o apenas em março, a oito rodadas do fim da Premier League, a um ponto e uma posição acima da zona de rebaixamento. O técnico havia conseguido apenas uma vitória nas últimas 17 partidas do Campeonato Inglês e realmente alguma coisa precisava mudar. Mark Hughes, que já havia contribuído para o rebaixamento do Stoke City naquela mesma temporada, foi chamado e conseguiu reverter a situação. Perdeu os três primeiros duelos, empatou com Leicester e Everton, ganhou de Bournemouth e Swansea, e chegou à última rodada torcendo apenas para os galeses não ganharem do Stoke por 10 a 0. Eles perderam por 2 a 1, e o Southampton se salvou. Hughes foi premiado com um contrato de três anos.

O sucesso do Southampton baseava-se na mistura entre talentos formados em casa e achados de mercado. Ambas as fontes secaram nas últimas temporadas, depois de tantas vendas, e as escolhas de treinadores não foram as melhores. Claude Puel e Mauricio Pellegrino podem ter suas qualidades, mas são inferiores a Mauricio Pochettino e Ronald Koeman. Hughes é experiente, mas nunca quebrou a banca. Atestado de que o olho para transferências dos Saints já foi mais apurado é que a contratação mais cara da história do clube, Guido Carrillo, chegou do Monaco em janeiro e já foi despachado por empréstimo para o Leganés.

A saída do argentino é parte da reformulação do elenco. Outros jogadores que atuaram abaixo do esperado também foram embora, como Jordy Clasie e Sofiane Boufal. A perda que será sentida de verdade é a de Dusan Tadic, que foi para o Ajax. O sérvio foi o vice-artilheiro do time na última Premier League com seis gols. A sua frente ficou Charlie Austin, com sete. O atacante sofre para ficar em forma, mas, quando entra em campo, tem uma boa média de bolas na rede. Para não depender dos caprichos físicos, o Southampton buscou Danny Ings, do Liverpool, até o último segundo da janela e conseguiu acertar o empréstimo com obrigação de compra antes das cortinas se fecharem.

O clube trouxe quatro reforços na janela, dentro do seu perfil de buscar negócios diferentes. Desta vez, pode dar certo porque os nomes são interessantes. Jannik Vestergaard chega do Borussia Monchengladbach para ser o pilar que a defesa precisa desde a saída de Virgil Van Dijk. Mohamed Elyounoussi impressionou com a camisa do Basel na Champions League e reforça o departamento de criação. Stuart Aarmstrong veio do Celtic, e Angus Gunn, ex-Manchester City, deve virar o reserva imediato de Alex McCarthy.

O essencial é tirar mais dos talentos que já existem no elenco. O esquema com três zagueiros que Hughes implementou favorece as subidas de Ryan Bertrand e Cédric Soares. Ainda há jogadores como James Ward-Prowse, Mario Lemina, Pierre-Emile Höjbjerg e Nathan Redmond que podem produzir mais. Depois do susto da última temporada, evitar o rebaixamento com folgas e sem sustos já seria um bom resultado para o Southampton.

Clubes: CARDIFF CITY


Cardiff City

Cidade: Cardiff

Estádio: Cardiff City Stadium (33.300 pessoas)

Técnico: Neil Warnock

Posição em 2017/18: 2º na Championship

Projeção: Brigar contra o rebaixamento

Principais contratações: Josh Murphy (Norwich), Bobby Reid (Bristol City), Alex Smithies (Queens Park Rangers), Greg Cunningham (Preston North End)

Principais saídas: Ben Wilson (Bradford City), Matty Kennedy (St. Johnstone), Greg Halford (sem clube), Lee Camp (Birmingham)

Folclórico, bom de entrevista e briguento, Neil Warnock é uma lenda das divisões inferiores da Inglaterra. Sua experiência e tempo de estrada rivalizam apenas com Roy Hodgson entre os técnicos da próxima Premier League. Ao comandar o Cardiff City na improvável caminhada rumo à elite, o veterano de 70 anos conquistou o acesso pela oitava vez na carreira, que começou em 1980. Recorde no futebol inglês. O problema é o passo seguinte. Em duas das outras três vezes em que colocou um time na primeira divisão (Notts County e Sheffield United), o retorno foi imediato. Apenas o Queens Park Rangers se salvou, mas depois da sua demissão, em janeiro de 2012. O desafio com a equipe galesa não será menor.

A nota de otimismo é que Warnock já superou bastante as expectativas. Ele estava praticamente aposentado, depois de exercer o que na prática foram meros bicos nos clubes pelos quais passou desde a saída do Leeds, em 2013. Alguns meses no Crystal Palace, interino no QPR e treinador tampão no Rotherham United. Quando chegou a Gales, o Cardiff City estava na 23ª posição, a vice-lanterna da Championship. Terminou aquela temporada no meio da tabela. Na seguinte, não era favorito para o acesso, mas o alcançou mesmo assim, atropelando todo mundo com oito vitórias seguidas entre fevereiro e março – sequência positiva similar a um unicórnio na equilibrada segunda divisão inglesa.

O estilo de jogo foi rudimentar, típico do treinador inglês da velha guarda: bolas longas, entradas duras, muita correria e defesa forte, liderada pela dupla de zaga Sean Morrison e Sol Bamba, que Warnock considera melhor que Virgil Van Dijk, o zagueiro mais caro da história. A principal fonte de talento vem do Canadá: o meia Junior Hoilett, de 28 anos, marcou nove gols e deu 11 assistências na campanha do acesso. Foi o mesmo número de tento que anotou o centroavante da equipe, Kenneth Zohore, em 36 rodadas. O mercado não fez muito para melhorar as perspectivas. Foram contratados apenas jogadores da Championship. A principal esperança é Bobby Reid, que era meia e se redescobriu como atacante na temporada passada. Marcou 21 vezes pelo Bristol City, inclusive um no Manchester City, e tinha um dos gifs de gols mais legais do seu time.

Juntos, os quatro reforços do Cardiff City somam 11 partidas de Premier League em suas carreiras. Nove são de Josh Murphy, ex-Norwich, e todas elas aconteceram em um passado longínquo. Com um elenco que nem deveria ter subido, contratações de segunda mão e um treinador que nunca teve sucesso na elite, não espanta que o clube seja o principal favorito das casas de aposta para ser rebaixado. E se nada de bom acontecer em campo, pelo menos podemos esperar algumas tretas. Não foi um eufemismo chamar Warnock de briguento: ele tem uma invejável disposição para trocar farpas, inclusive com Pep GuardiolaRafa Benítez e Mark Hughes, com os quais ele se reencontrará na Premier League.

Clubes: BURNLEY


Burnley

Cidade: Burnley

Estádio: Turf Moor (22.000 pessoas)

Técnico: Sean Dyche

Posição em 2017/18: 

Projeção: Meio de tabela

Principais contratações: Ben Gibson (Middlesbrough), Matej Vydra (Derby County), Joe Hart (Manchester City)

Principais saídas: Dean Marney (Fleetwood Town), Chris Long (Fleetwood Town), Tom Anderson (Doncaster Rovers), Scott Arfield (Rangers)

Antes do Leicester modificar as referências de tempo e espaço da Premier League com o título de 2015/16, o que o Burnley fez na última temporada seria considerado o melhor que um clube fora do grupo dos seis mais ricos da Inglaterra poderia fazer. Ainda é porque o tipo de milagre alcançado por Claudio Ranieri e companhia acontece uma vez a cada cem anos, mas serve para o técnico Sean Dyche, o mais longevo da elite ao lado de Eddie Howe, no cargo desde 2012, adotar o discurso de que “tudo é possível” quando é questionado sobre qual será o próximo passo do seu time. Realisticamente, porém, a evolução seria ficar exatamente onde está.

O Burnley foi um clube estável de primeira divisão entre os anos cinquenta e sessenta, com direito a um título inglês no período, mas passou muito tempo nas divisões de acesso. Está prestes a disputar a quarta edição da Premier League em cinco temporadas com um crescimento estável: na primeira dessas, foi imediatamente rebaixado; na segunda, foi 16º colocado e se manteve; na terceira, pulou para a sétima posição, na prática o líder do resto da tabela, atrás apenas dos dois clubes de Manchester, Tottenham, Liverpool, Chelsea e Arsenal. Chegou a frequentar a zona de classificação da Champions League, esteve vários momentos à frente dos Gunners, venceu em Stamford Bridge e recebeu, como um merecido prêmio, vaga na próxima Liga Europa. O quanto a caminhada continental durará ainda é incerto: os ingleses passaram pelo Aberdeen e enfrentam o Istambul Basaksehir na próxima fase. Ainda haverá outra antes da fase de grupos.

Continuar ou não na Liga Europa é uma variável importante para a temporada porque Dyche gosta de trabalhar com elencos curtos e é famoso por usar o mesmo time titular o máximo de vezes possível. O Burnley teve dificuldades para contratar reforços. Levou apenas Ben Gibson, do Middlesbrough, um zagueiro para repor a saída de Michael Keane, um ano atrás, e Matej Vydra, atacante de muitos gols na Championship, mas que nunca brilhou na elite. Além disso, Joe Hart foi chamado para cobrir a posição de goleiro porque Nick Pope perderá as primeiras rodadas por causa de uma lesão, e Tom Heaton também passa por problemas físicos. São três arqueiros de seleção inglesa no mesmo elenco.
Dyche alega que está à frente de um clube financeiramente estável, mas incapaz de competir com as taxas de transferências e pedidas salariais da atualidade. Caso tenha que dividir as atenções com uma competição europeia, o desempenho na Premier League pode sofrer, e graças ao fechamento precoce da janela inglesa, quando o Burnley souber quantas partidas continentais terá que disputar até o fim do ano, não poderá mais contratar jogadores.

Seu estilo, porém, favorece uma boa campanha de mata-mata. A defesa sofreu apenas 39 gols na última Premier League, a sexta melhor marca da liga. Se o ataque foi o sexto pior, os tentos apareceram na hora certa para que o Burnley fosse o único clube além dos seis primeiros a somar mais de 50 pontos. A organização faz com que Dyche seja o técnico inglês mais prestigiado do momento, especulado em clubes como Leicester e Everton, além de nome frequente em discussões sobre o futuro da seleção inglesa. Por enquanto, ele fica no Turf Moor, depois de renovar contrato até 2022, no último mês de janeiro.

Clubes: BRIGHTON


Brighton 

Cidade: Brighton

Estádio: Amex Stadium (30.000 pessoas)

Técnico: Chris Hughton

Posição em 2017/18: 15º colocado

Projeção: Brigar contra o rebaixamento

Principais contratações: Alireza Jahanbakhsh (AZ Alkmaar), Yves Bissouma (Lille), Bernardo (RB Leipzig), Martín Montoya (Valencia), Florin Andone (Deportivo La Coruña), David Button (Fulham)

Principais saídas: Sam Baldock (Reading), Connor Goldson (Rangers), Jamie Murphy (Rangers), Tim Krul (Norwich), Steve Sdiwell (sem clube)

Para um clube centenário que disputou apenas sua quinta temporada na elite do Campeonato Inglês, garantir a permanência na Premier League a duas partidas do final foi um grande feito. Com os pés no chão, a diretoria não se desesperou com a sequência que abrigou uma única vitória em 14 rodadas entre novembro e fim de janeiro. Manteve Chris Hughton, terceiro treinador mais longevo entre as equipes da elite ao lado de Pochettino, no comando desde 2014, e conquistou seu objetivo com um gostinho especial: logo após a vitória por 1 a 0 sobre o Manchester United. Mesmo perdendo os duelos restantes, para Manchester City e Liverpool, a colocação final foi o 15º lugar, a sete pontos de distância do abatedouro. Teve até uma certa folga em termos de pontuação.

Mas o objetivo do Brighton segue sendo o mesmo: sobreviver e, com o passar do tempo, se consolidar na Premier League. Buscando estabilidade, o contrato de Hughton foi renovado por mais três temporadas no último mês de maio. A filosofia de mercado é encontrar bons negócios onde poucos estão procurando. Foi assim com Mathew Ryan, que era reserva do Valencia e foi emprestado ao Genk antes de desembarcar no Amex Stadium e defender as metas do time em todas as 38 rodadas da Premier League. Ou José Izquierdo, do Club Brugge, Davy Pröpper, do PSV, e Pascal Gross, do Ingolstadt. Não foram caros – o colombiano, a € 15 milhões, foi o que mais exigiu investimento desses – e desempenharam papéis importantes na última temporada.

O recrutamento seguiu na mesma linha. Inclusive o total de gastos, perto de € 70 milhões. As novas apostas são o lateral brasileiro Bernardo, do RB Leipzig, o lateral espanhol Montoya, ex-Valencia, o jovem meia Yves Bissouma, do Lille, e os atacantes Florin Andone, do Deportivo La Coruña, e Percy Tau, do sul-africano Mamelodi Sundowns. O grande negócio foi a chegada do iraniano Alireza Jahanbakhsh, artilheiro do último Campeonato Holandês e contratação mais cara da história do Brighton (€ 19 milhões). Junto com Jürgen Locadia, outro oriundo da Eredivisie que chegou em janeiro e ainda tenta se aclimatar à Inglaterra, a missão de Alireza é aliviar o fardo do veterano Glenn Murray, principal e quase único responsável pelos gols na temporada passada. Ele fez 12 dos 34 que o time marcou na primeira divisão inglesa, o que dá mais de um terço. Em seguida, vieram Gross, com sete, e Izquierdo, com cinco.