Manchester United
Cidade: Manchester
Estádio: Old Trafford
(74.994 pessoas)
Técnico: José
Mourinho
Posição em 2017/18: 2º
Projeção: Brigar por
Champions League
Principais contratações: Fred
(Shakhtar Donetsk), Diogo Dalot (FC Porto), Lee Grant (Stoke City)
Principais saídas: Daley Blind (Ajax), Sam Johnstone (West
Brom), Timothy Fosu Mensah (Fulham), Michael Carrick (aposentado)
José Mourinho não aproveitou o sol do verão europeu para relaxar.
Preferiu que ele iluminasse as suas reclamações. E foram muitas. Praticamente
todas. Em linhas gerais: outros clubes gastaram demais, o seu gastou de menos,
Paul Pogba e Anthony Martial não estão comprometidos, a Copa do Mundo
atrapalhou a sua preparação, com muitos jogadores apresentando-se com atraso, e
sobrou até para o torneio amistoso que disputou nos Estados Unidos. Entrando na
sua terceira temporada no Manchester United, período em que seus trabalhos têm
o histórico de degringolar, os sinais são preocupantes.
O cerne da questão está nas visões distintas que Mourinho e o executivo
Ed Woodward nutrem em relação a como o time deve ser montado. O treinador busca
soluções imediatas, e o dirigente quer uma visão mais estratégica para preparar
o futuro. Por isso, a lista de cinco nomes que Mourinho entregou para o pessoal
que tem as chaves do cofre foi recebida com ressalvas. O melhor exemplo foi a
busca por zagueiros. O Guardian traz um panorama detalhado: nenhum chegou
porque Woodward considerou que os preços eram caros demais para a qualidade dos
jogadores ou que os caras não eram bons mesmo.
A questão em torno de Anthony Martial também é simbólica. Alvo de
críticas de Mourinho, não apenas nesta pré-temporada por tirar uma licença
paternidade pelo nascimento do seu filho e demorar para voltar, o francês seria
dispensado, se a decisão fosse do português. No entanto, identificando
potencial em um jogador ainda muito jovem, Woodward não quer abrir mão tão
facilmente de uma promessa que pode vingar daqui a alguns anos. Resultado dessa
história toda: o Manchester United contratou apenas Fred e o lateral Diogo
Dalot.
A temporada passada, analisada apenas em fatos, foi uma evolução porque
os Red Devils conseguiram terminar a Premier League em segundo lugar. Mas os 19
pontos que os separaram do campeão Manchester City dão a medida do quão
distantes os times estiveram e, ao que tudo indica, ainda estão. Mourinho
acredita que o caminho tem que ser encurtado por meio de contratações. Desde
que o português chegou a Old Trafford, foram investidos € 390 milhões líquidos
(compras menos vendas). No período, apenas o City tem números maiores: € 490
milhões. Usando o argumento de Mourinho, e se fixando apenas em reforços e
gastos, alguém acredita que um jogador de € 100 milhões ou dois de € 50 milhões
resolvem a situação?
Há falhas no elenco do United, principalmente nas laterais, onde Antonio
Valencia e Ashley Young esticam suas carreiras por pura necessidade, mas o
problema do Manchester United é desempenho. Mourinho ainda não foi capaz de
tirar o melhor dos jogadores qualificados que já tem. Uma equipe que conta, do
meio para frente, com Nemanja Matic, Paul Pogba, agora Fred, Alexis Sánchez,
Jesse Lingaard ou Marcus Rashford ou Martial e Romelu Lukaku pode jogar mais.
Um zagueiro de alto nível seria útil, mas foi o próprio Mourinho quem contratou
Eric Bailly e Victor Lindelöf. Por que não desenvolvê-los?
A síndrome da terceira temporada
paira por cima de Mourinho. No entanto, diferente dos seus trabalhos no Real
Madrid e no Chelsea (duas vezes), quando as rusgas surgiram de desgastes de
relacionamento, desta vez há, além deles, problemas reais, e o português começa
a Premier League com menos moral do que naquelas passagens porque ainda não
conquistou nenhum título de grande importância no Manchester United. A Liga
Europa foi bacana, mas o objetivo do maior campeão inglês de todos os tempos é
voltar a reinar sobre a ilha. E, para isso acontecer, Mourinho terá que
encontrar soluções no campo e na bola.
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